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Dr. Diogo Azevedo

Estudo: RIPCORD 2

RIPCORD 2 trial: a avaliação funcional invasiva rotineira influencia a estratégia de manejo da angiografia coronariana para o diagnóstico de dor torácica?


Atualmente, o FFR (Fractional Flow Reserve) é o padrão ouro para se estabelecer a significância hemodinâmica da lesão coronária. A sua utilização no cenário da síndrome coronariana crônica é difundida e classe I nas principais diretrizes envolvendo o tema. Há uma constante busca para novas implementações desta ferramenta.


No ESC 2021 foi apresentado o RIPCORD 2, o primeiro estudo randomizado desenvolvido para avaliar se a realização sistemática do FFR de toda lesão coronária considerada relevante no momento do cateterismo diagnóstico seria superior em custos, qualidade de vida e desfechos clínicos quando comparado a avaliação angiográfica isoladamente.


O estudo incluiu 1.100 pacientes submetidos a angiografia coronária diagnóstica em 17 centros do Reino Unido para angina ou infarto agudo sem supra do segmento ST. No braço da angiografia, a avaliação e o manejo dos pacientes baseavam-se apenas na angiografia, enquanto a estratégia FFR incluía a avaliação fisiológica mais a angiografia para orientar as decisões terapêuticas. No braço FFR, os operadores realizaram a técnica do FFR em uma mediana de quatro vasos coronários.


Para os dois desfechos co-primários, custos hospitalares totais e qualidade de vida avaliados pela escala visual analógica EQ-5D em 1 ano, não houve diferença significativa entre as duas estratégias. Também não houve diferença no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (morte, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou revascularização não planejada) entre as duas abordagens. Além disso, o FFR mais a angiografia não alterou a distribuição da terapia médica ideal, intervenção coronária percutânea ou cirurgia de revascularização do miocárdio.


Os tempos do procedimento foram maiores no grupo FFR (média de 42,4 vs 69,0 min; P <0,001), o uso de contraste foi significativamente maior (média de 146,3 vs 206,0 mL; P <0,001) e as doses de radiação foram maiores (média de 5.029 vs 6.608 cGy / cm2 ; P <0,001). A taxa de complicações no braço FFR foi de 1,8%, principalmente o resultado de dissecções.


A estratégia rotineira de avaliação funcional de todos os vasos epicárdicos no momento da angiografia diagnóstica em pacientes com dor torácica de início recente não custa mais do que a angiografia diagnóstica convencional, porém, a avaliação fisiológica sistemática não se traduz em benefícios significativos, de acordo com os resultados do estudo RIPCORD 2.


Alguns insights surgem a partir desses resultados e conclusão destacados acima. Citando os resultados do estudo ISCHEMIA, onde a anatomia, mas não a gravidade da isquemia foi preditiva de eventos clínicos, bem como os resultados de 5 anos do SCOT-HEART, onde o uso da angiotomografia de coronárias reduziu o risco de morte por doença cardiovascular e IAM não fatal, a avaliação funcional rotineira para tomada de decisão perde espaço. Adicionalmente, os resultados do RIPCORD 2 são consistentes com o ensaio FORECAST, onde o uso do FFR derivado da angiotomografia de coronárias em pacientes com dor torácica de início recente não se traduziu em benefício econômico.



Dr. Diogo Azevedo

Cardiologista Rede D’Or Hospital Aliança e Hospital São Rafael - Bahia

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